CRISES
NALDOVELHO Caminho profuso, crises, profundas seqüelas, passagens, vestígios, sinais de mim mesmo, testemunhos dos meus ais. Feitiço conjurado na terra só o vento pode desmanchar. Feitiço forjado a fogo só a água pode amenizar. Sangue, suor e desgosto, securas de lágrimas por dentro, dor de constrangimento, de culpa e destrambelhamento. A teia que a aranha constrói, aprisiona, sufoca, destrói. Os cortes talhados na carne só com o tempo vão cicatrizar. O vinho derramado na mesa, o pão mofado no armário, toalha manchada de sangue, nada que eu possa ofertar. O terço que eu rezo faz tempo, palavras que revelam poemas, só aprofundam a dor que eu sinto, nada que se possa curar. Templos profanados, pecados, escolhas, que eu faço, erradas... E mais crises, cruzes e credos, inquietudes que eu trago, sementes. Teci por descuido um feitiço, por nostalgias, lamentos, gasturas, e hoje, por mais que eu queira e tente, não consigo exorcizar. NALDOVELHO
Enviado por NALDOVELHO em 24/05/2009
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