ACORRENTADOS
NALDOVELHO Quando estou em teus braços sou água cristalina de um riacho sintonia fina de um regaço, música extraída de um sonho, movimentos que eu proponho, delicados e indecentes, seiva que brota impunemente, suor, saliva, aguardente. Sou vento que venta macio, cheiro de fera no cio, certeza do prazer desta dança, magia, poesia, arrepio, pois quanto mais eu me entranho, maior e a loucura que tenho, maior é o medo de te perder. Às vezes sinto ser minha a tua pele, pois a dor que sentes também me fere, e a sede que temos, eu sei, nos consome. Quando estou ao alcance do teu hálito, sou olhos que transbordam ternura, palavra que transcende o poema, chama que acende o pavio, explosão, incêndio, escombros, náufrago recolhido em teus braços, e o que restou te pertence por direito, cativo de tanta loucura, acorrentado em ti, meu amor. Às vezes sinto ser minha a tua carne, pois os cortes que tens também me ardem, e inquietude que temos, eu sei, não tem solução! NALDOVELHO
Enviado por NALDOVELHO em 23/05/2009
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