ACORDA!
NALDOVELHO Acorda a corda do violão que discorda e se nega a ficar afinada, harmonizada às outras cordas e por tanta e insistente teimosia, impede que eu faça a melodia que a poesia precisa e pretende para enaltecer em mim o amor. Acorda o verso que sonâmbulo se fez desconexo, embaralhado dentro do tema, a gargalhar na hora do pranto e a ironizar com o desencanto, pois não foi tão bom nem tanto, melhor então que acabou! Acorda a lágrima que sonolenta entalou na garganta sob o pretexto de matar-me a sede, lágrima salgada e desencontrada, só aumenta a secura que estou e não revela o dor que ficou. Acorda o sonho que por instantes virou pesadelo, de sombrias e insanas imagens, sentimento transformado em miragem, coisa sem sentido, bobagem, histórias de um poeta bem tolo, obsedado pelo desamor. Acorda os olhos e veja o que a vida ensina, expulsa do quarto a neblina e assim rebelado reafirma que coração de poeta é mais forte resiste ao desalento e a morte, para que com raiva eu escreva um poema de amor ao muito que me restou. NALDOVELHO
Enviado por NALDOVELHO em 23/05/2009
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