LIMPANDO O ARMÁRIO
NALDOVELHO Uma máquina fotográfica quebrada, retratos amarelados do passado, um relógio de pulso parado, pedras redondinhas de beira de rio, um álbum de figurinhas inacabado, recortes, lembretes, bilhetes, antigos discos de vinil. Gravatas penduradas, meus ternos, meias velhas, furadas, camisas puídas rasgadas, sapatos, hoje, apertados, lenços já muito usados, alguns manchados de sangue, outros de lágrimas, coitados! Uma tapeçaria por preguiça inacabada, fios de lã embaraçados, esboços, imagens, rabiscos, rascunhos de cartas, rasuras, pétalas sem vida, espinhos, remédios vencidos guardados, poemas que não exorcizam a dor. Um vidro de perfume vazio, uma mecha de cabelos dourados, um punhado de madrugadas insones, e o medo que descobrissem o segredo, revistinhas de sacanagem, relíquias, pra tocar uma punheta era um arraso, Carlos Zéfiro, era o autor! Um diploma de datilógrafo emoldurado, uma máquina de escrever enferrujada, documentos caducos pelo tempo, recibos de contas já pagas, faz tempo não recebo uma cobrança, todas as faturas quitadas, já nem lembro o quanto me custou! NALDOVELHO
Enviado por NALDOVELHO em 22/05/2009
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