HÁ UM TEMPO
NALDOVELHO Há um tempo vazio em meus pensamentos, securas de sonhos, lacunas estranhas, estiagem de versos, de lágrimas, de gestos. Há um tempo nublado, fim de tarde outono, vento frio que varre, prenúncio de inverno, chuva fina que chega e embaça a vidraça. Há um tempo de insônia, madrugada inquieta, luz do quarto acesa, rua deserta, tristeza, é a palavra verdade que renasce entre escombros. Há um tempo de dor ao rever os meus passos, deixei por lá muitos rastros, vestígios, escolhas, muitas delas erradas, indelicadezas. Há um tempo que eu penso que ainda há algum tempo, de limpar meus armários, exorcizar meus demônios, abrir as janelas, dar um jeito em meu quarto. Há um tempo que eu tenho para achar as respostas, descobrir sobre as chaves que abram as portas, libertar a pessoa que eu sempre quis ser. Há um tempo que eu quero dizer que Te amo, pode ser que ainda possa resgatar os meus sonhos, pode ser que eu chore aconchegado em Teus braços. Há um tempo que eu preciso para terminar de viver. NALDOVELHO
Enviado por NALDOVELHO em 20/05/2009
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