É NO SILÊNCIO DA NOITE
NALDOVELHO É no silêncio da noite que eu trato as feridas, cicatrizo cortes, curo fissuras, fraturas, entorses, dissolvo nódulos, lágrimas cristalizadas, palavras que teimam encravadas, poemas abortados por conta da desilusão. É no silêncio da noite que traço meu rumo, derrubo muralhas, elimino excessos, submeto vontades e venço minhas paixões... Mas só as que entopem artérias e veias, as outras, ainda que doam, delas não abro mão, senão a vida fica vazia, tipo calmaria, e eu, pedaço de pedra, cheio de limo, nos fundos de um quintal sombrio chamado solidão. É no silêncio da noite que eu percebo amplitudes. realço os contornos, inquietudes, virtudes, e atento aos contrastes reconheço meus erros, desdigo besteiras, destruo meus medos, revelo segredos, cerzidos meus panos, dissipo a neblina, e percebo o confronto entre o anjo e o diabo, acesos os archotes da madrugada que chega, amanheço refeito e dou fim à escuridão. lá fora, é setembro, e se eu bem me lembro, finalzinho de inverno, pencas de azaléias, prenúncio de uma nova estação! NALDOVELHO
Enviado por NALDOVELHO em 18/05/2009
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