ESTA LÁGRIMA
NALDOVELHO Esta lágrima arredia que por mais que o tempo passe não se permite o abismo, prisioneira do segredo, cristalizada em meus medos, não revela sua origem e sequer a que veio. Esta lágrima estranha, entalada no canto do olho esquerdo, não me permite o sossego, vive da minha inquietude e fez do poeta um louco, que de tropeço em tropeço cresceu além de si mesmo. Esta lágrima solitária, maldita benção dos deuses, recusou revelar-se em versos, envolveu o poeta em teias, e fez dele um homem mais forte, capaz de resistir ao veneno e a sobreviver a dor de não ser. Esta lágrima que eu tenho, incapaz de ser água que role pela face de um homem que colhe tantas outras lágrimas que choram na forma de palavras sementes, é a magia que eu trago latente, poema que eu não saberia escrever. NALDOVELHO
Enviado por NALDOVELHO em 18/05/2009
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